domingo, 24 de abril de 2022

                                                                    Peças do jogo

A noite vai alta. O silêncio externo abre as portas para os ecos do passado e sussurra os murmúrios desse tempo.

O dia se anuncia com o vento e despe as falas e o momentos vividos, com clareza e objetividade. Revela o que movimento do tempo presente faz à mente e ao coração.

Noite e dia. Mente e coração. O que foi e o que é.

A mente descola do corpo e convida o coração a voar. O tempo se tornou a chave perdida da algema que impede o construir, o reconstruir e até mesmo o destruir. Tempo e vento que passam exalando o perfume sobre a solitude do que veio e do que não veio.

Uma mistura de angústia e esperança enche a caneca de café. A mente se acalma, mas o coração revolve. A mente vagueia e o coração quer estacionar.

O envoltório da existência, lógica-sentimentos e razão-desejos, moldando a esfinge que se senta no trono interior, exposto diante de largas janelas sem vidro, colocado no salão onde tudo é dual. Dualidade que pode ser antagônica ou não, espelho que mostra o que se vê e o que não é mostrado, que revela o que não se vê e o que está oculto, mas não escondido.

Move o tempo exterior, sacudindo a mente, os sentimentos, enquanto petrifica o interior sordidamente estacionando a razão, as esperanças.

A noite vai findando, o dia levantando-se, mostrando que o quebra-cabeça tem muito mais peças do que a visão imediata capta. A razão impele a continuar enquanto a lógica recomenda aquietar, o sentimento pede quietude, mas a percepção impulsiona a desvendar.

As peças do jogo induzem a aceitar, conformar-se, iludindo a lógica, enquanto a razão quer remexer as peças, criando possibilidades de um novo resultado, desmontando os velhos sentimentos confrontando os sob percepções encontradas na noite e que o dia teima em distorcer.


                                                                 Papo na madruga

No mais profundo de todas as consciências há um ponto pulsante, um clamor vibratório que nunca pode ser tocado por qual ser ou essência conscencial, além da fonte geradora.

Aqueles que sempre desenvolveram os projetos de estruturas habitantes dos diversos orbes das centenas de galáxias de nível dimensional sabiam que havia um ponto de ruptura na, em níveis supra atômicos, que se não controlados continuamente, desnudariam a conformidade desejada em seus projetos.

Mas em sua ânsia de domínio e engrandecimento de suas posições, permitiram a criação e o desenvolvimento de milhares, milhões de estruturas conscienciais limitadas, que aos poucos, pela percepção desse ponto pulsante dentro de cada um, de todos e de tudo, começaram, através dos imensos subterfúgios de enganos, de  ilusões, de enigmas, de estratagemas, de segredos, foram permitindo que as estruturas geradas fossem aos poucos gerando faíscas de emancipação, de rompimento com campos vibracionais de espectro frequencial muito baixo.

Como tudo no Universo se comunica, esses lampejos começaram a alcançar instâncias em diversos níveis dimensionais e vibracionais de frequências muito altas e que pelo simples lampejo voltaram sua atenção para este ponto do Universo. Deflagrando uma trajetória que não pode mais ser alterada ou impedida.

Não há os limitantes de espaço-tempo para suas ações. Mas há o determinante vibracional, que não tem nada a ver com os conceitos de bem ou mal, nem das expectativas filosóficas de ética e moralidade, mas sim com o vibrar da solicitação de ajuda, o pedido de socorro, o clamor sob o desespero.

O Universo não admite a destruição, a dor, o sofrimento sob qualquer circunstância. Tudo tem um começo e um fim, mas estas fases não são determinadas pelas vontades de seres conscienciais de qualquer nível. É resultado da própria constituição atômica, vibracional, de cada elemento do cosmos,

Este planeta e todos os componentes desta galáxia estão caminhando para o realinhamento com outras estruturas planetárias contendo seres de níveis conscienciais muito diferentes do que já puderam contatar.

Porém, há elementos introduzidos neste planeta, aliado a espécies vibracionais que temem por sua continuidade e existência. São por demais instintivos e carregados de um poderio intoxicante, capaz de consolidar ações destrutivas entre os próprios.

Disseminados estão todos os canais para intoxicar, levar os níveis vibracionais para níveis de descontrole muito baixos, de modo que ao mesmo tempo em que destrua muitos habitantes, também não permita que outros aumentem a vibração desse ponto pulsante individual e coletivo.

O que se é preciso é acessar é que os que tem acesso ao seu centro pulsante, energize e vibre continuadamente em níveis vibracionais cada vez mais altos. Podem identificar esses níveis nos sentimentos de gratidão, alegria, doação de amor e compreensão, de não aceite dos fatos  e atos que degradam a vida.


 

SILÊNCIO

 

Minha mente vaga na caminhada noturna, no alpendre. Caminhando ao som da chuva leve que cai, onde a cada passo um quadro se mostra, lembranças, aprendizados, conhecimentos onde as memórias demonstram ser mais do que momentos alocados num tempo-espaço, construindo meu próprio saber.

Não há significados ocultos, não há desconfortos ou satisfação, não há indiferença. É mais do que passividade, é uma tranquilidade, um entendimento, uma percepção de realidade onde a mente e a alma estavam envoltas num determinado nível de entendimento e percepção marcados por conceitos determinados e seguidos sem a devida reflexão e análise, perseguidos por desejos impingidos pelo externo, sem ainda ter olhado mais profundamente para si mesmos.

Há quem possa dizer que isso seja maturidade, que seja, gera imparcialidade, liberdade, quebra as algemas de qualquer ansiedade e expectativa, sem ondas de superioridade ou arrogância, e sim um olhar de compreensão e até de amorosidade.

Independentemente do que acontece ou possa acontecer, afinal nenhum futuro é determinista, nem o destino fixo é real, minha mente, alma e corpo parecem volitar durante a caminhada pelo alpendre, grato pelo clima refrescante, pela música da chuva, pela leveza e companhia das plantas e dos meus amigos de quatro patas que dormem tranquilamente no sofá.

É uma sensação, um emponderar se da independência, sem receios, sem medos, sem dúvidas.

Embebido nesta atmosfera, que vibra, ressoa como o equilíbrio do cosmo, como a junção dos oceanos e rios de tal modo que acaba com a individualidade existencial e revela uma integração dos diversos “eus” que me habitam, sem conflitos, sem necessidade de um ser melhor ou maior que o outro, sem fractualidade do ser que sou.

Silêncio ... doce silêncio.

 

                                                    Prisioneiro do tempo


Duas e meia da manhã, mês de abril, de uma noite silenciosa, onde o ressoar do sino da felicidade quase me desloca de onde estou. Lança minha alma da prisão do tempo.

Sinto saudades de todos que de alguma forma são presentes na minha memória. Sinto saudades das pessoas, dos momentos, e engraçado que neste momento, todas as imagens em minha mente são felizes, alegres, tão cheias de plenitude.

Contrastam com a quase solidão em que vivo, suportando uma condição que questiono a todo momento, que gera uma angústia, uma insatisfação até comigo mesmo. Parece que desaprendi o reinventar, o descobrir novos caminhos. Sinto me forçadamente a ter que aceitar esta condição. Me perco no redemoinho de energias paralisantes.

Cheguei a comentar outro dia que praticamente me tornei um descrente, quase sem esperança. Implorando por um milagre, por um acontecimento que realmente me traga de volta a alegria, a expectativa de construir algo, de fazer algo além de ter e ver os dias passando, passando e passando.

Fico procurando em mim mesmo respostas para perguntas onde para algumas tenho respostas claras, para outras nem tão claras e outras sem respostas. Me acostumei a conversar comigo mesmo, falando e ouvindo de tudo um pouco, perscrutando cada vez mais cada entendimento, cada sentimento, porém com uma sensação de vazio. Vazio que encharca meus dias e noites. Tem momentos que conscientemente me vejo como um ator, um farsante, um ludibriador de mim mesmo. Dou risada, dou atenção, brinco, cuido de cada tarefa com prazer e com uma insatisfação pois quero fazê-la melhor, mas escondendo uma angústia por saber que estou escondendo a dor que essa impotência me causa. E sinto que faço isso para preencher o meu próprio tempo, para ocupar minha mente com a sensação de que estou sendo útil. Mas, não sendo útil para mim mesmo. Cumpro os dias, consumo as horas, me olhando com um vazio. Ensurdecedor e incomodante vazio.

Quero de volta a paixão pela vida, a força para inventar um dia diferente do outro. Encher a noite de expectativas e planos. Sair da caverna e banhar me sob o sol, voar com o vento, embebedar me com a chuva, inebriar me com a lua e as estrelas, cantar o meu canto interno como obra prima da natureza e do cosmo.

E me pego assim; sentindo saudades. Saudade de mim mesmo.